O que você faz quando uma mulher é assediada? Aprenda a reagir corretamente
Qual sua reação quando se depara com alguém caindo na rua? E se flagrar uma pessoa derrubando algo no metrô? O ímpeto de ajudar é recorrente para a maioria das pessoas nessas situações. Por que não é o mesmo ao ver uma mulher sendo assediada em um lugar público? Qual o medo das pessoas nessa situação?
Programa Stand Up
O programa Stand Up, realizado em parceria com a ONG Right to Be, uma iniciativa global da marca L’Oréal Paris, busca colocar um holofote sobre isso e treinar gratuitamente interessados em aprender como reagir de forma adequada diante de situações de assédio sexual em espaços públicos.
A ideia é proteger a autoestima de mulheres e homens, criando um conjunto de ferramentas comprovadas para ajudar as pessoas a intervir com segurança quando são vítimas ou testemunhas de assédio nas ruas.
Os números são de fato alarmantes: de acordo com um estudo internacional, de 2021, assédio sexual em locais públicos é a questão mais importante enfrentada por mulheres em todo o mundo. A pesquisa foi feita em 15 países com mais de 15 mil participantes.
Estudos afirmam que, a cada 100 mulheres, 88 já vivenciaram experiências pessoais de assédio nas ruas, além das vezes em que presenciaram ou tiveram conhecimento de situações vividas por outras mulheres de seu círculo. Dos entrevistados, 76% afirmam já ter presenciado assédio nas ruas e 86% deles não sabia como intervir no momento do ocorrido.
Quando vemos um caso de assédio sem intervir, indiretamente aumentamos o trauma da pessoa que está sendo assediada, além de reforçar ao assediador que seu comportamento é aceitável. Essa campanha vem para interromper essa dinâmica, propondo tomada de consciência da sociedade e ação, através da informação e do treinamento dos 5 D’s.
Daí a importância de testemunhas ou vítimas serem devidamente treinadas para saberem como agir de forma segura.
O programa Stand Up já capacitou mais de dois milhões de pessoas em todo o mundo: só no Brasil, o objetivo é treinar mais de 75 mil pessoas até o fim de 2023. “O Stand Up surgiu como resposta à necessidade de abraçar uma causa extremamente relevante para as mulheres ao redor do mundo, visando construir espaços mais seguros e redes de apoio cada vez mais abrangentes”, afirma a diretora da L’Oréal Paris no Brasil. Por aqui, o parceiro responsável pela capacitação é a ONG Cruzando Histórias.
Metodologia dos 5D’s
A metodologia usada é a dos 5D’s: distrair, delegar, documentar, dialogar e deter. São cinco ferramentas simples e eficazes para ajudar as pessoas a intervir com segurança quando testemunham ou sofrem assédio nas ruas…
- Distrair é fingir ser um amigo, pergunte algo e desvie o foco da conversa.
- Delegar é encontrar alguém que esteja em posição de autoridade, como um professor ou bartender, e pedir que intervenha.
- Documentar, é importante filmar o assédio, mas nunca postar: o documento é da vítima.
- Dialogar com quem foi assediada para confortá-la e nunca acusar.
- Direcionar é o último recurso: falar com o assediador é uma maneira de evitar novos comportamentos como esse, mas é importante zelar pela própria segurança e a da vítima…
Parceria com a prefeitura carioca
Desde agosto de 2023, no Rio de Janeiro, foi firmada uma parceria da marca com a prefeitura da cidade para combater o assédio em locais públicos e privados. A Secretaria de Políticas e Promoção da Mulher do Rio passou a capacitar servidores públicos para identificar e prestar o auxílio adequado em situações de assédio em espaços públicos.
O lançamento em agosto foi pela celebração do aniversário de 17 anos da Lei Maria da Penha. A intenção é fortalecer e amplificar o trabalho realizado pela Secretaria de Políticas e Promoção da Mulher, que já promove ações de educação, acolhimento às mulheres vítimas de qualquer tipo de violência e assédio e combate a situações de violência.
“A conscientização é fundamental para garantirmos os direitos das mulheres e, ao unir forças, conseguimos amplificar o alcance das iniciativas e promover impactos concretos na sociedade”, afirmou a Secretária de Direitos das Mulheres.
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