Educação familiar: confira como incluir as crianças na organização da casa
Atividades ajudam no desenvolvimento e na percepção de responsabilidade
Casa bagunçada, criança chorando e falta de tempo. Não é difícil encontrar por aí pais desesperados por uma rede de apoio e por um momento de tranquilidade.
Por vezes, a preocupação por ser responsável pela vida e educação de um ser humano em crescimento toma conta, e a sensação pode ser apavorante. Contudo, nada supera o amor familiar e os bons momentos com os filhos, que chegam para alegrar a casa.
Inserir os pequenos na rotina é fundamental para facilitar a vida dos adultos, além de ajudar no desenvolvimento das crianças, que gostam e devem ser reconhecidas como seres capazes.
Ainda na primeira infância, dos 0 aos 6 anos, é possível ensinar a importância da organização e da higiene. É neste momento em que a aprendizagem deve entrar em ação para que haja domínio físico, cognitivo e socioemocional.
Atividades básicas, como guardar os brinquedos e ajudar a arrumar as compras, por exemplo, preparam para um futuro no qual as obrigações e responsabilidades fazem parte do cotidiano. Por isso, confira o que pode ser feito em casa, de acordo com cada idade:
Dos 2 aos 3 anos:
No momento em que as crianças começam a notar os sentidos, guardar os brinquedos pode ser tão legal quanto usá-los. Neste momento, esteja presente para contar histórias e reproduzir sons que trabalham a imaginação infantil.
Por exemplo, na hora de dormir, a vaquinha faz “mu mu” até o quarto, onde ela irá descansar a noite toda em uma caixa organizadora, ou então o carrinho faz “vrum-vrum” e entra na garagem, porque acabou a gasolina.
Dessa forma, a criança se diverte, arruma seus pertences e ainda associa imagens aos sons, o que ajuda na construção de suas sinapses.
Dos 4 aos 6 anos:
Com os sentidos, reflexos e coordenação motora um pouco mais avançados, chegou o momento de fazer com que a criança reconheça seus objetos para além dos brinquedos e entenda a necessidade do cuidado com eles.
Para isso, vale ser bastante específico para que ela compreenda que aquilo está sob responsabilidade dela e o que deve ser feito. Mude um pouco o foco da brincadeira e passe a pedir ajuda na hora de separar as roupas para dobrar após a lavagem ou guardar as compras na volta do mercado.
Não deixe de ressaltar detalhes que diferenciam os seus objetos dos deles para que a criança tenha discernimento por seus próprios itens, por exemplo: “Pegue o seu tênis Adidas infantil e o chinelo da mamãe e coloque na sapateira, por favor”, ou então “Separe as maçãs vermelhas das laranjas e guarde na geladeira para o lanche de amanhã”.
Dessa forma, a criança reconhece cores e formatos para além dos brinquedos e desenvolve o tato com diferentes texturas, uma maneira de identificar para que servem novos objetos, e ainda passam a sentir-se úteis em atividades do cotidiano da casa.
Dos 6 aos 10 anos:
Agora mais responsáveis, cuidadosos e conscientes, chegou o momento de trazer para os pequenos atividades que devem ser diárias e bem executadas por eles.
Aos poucos e todos os dias, peça ajuda para alimentar o animal de estimação e limpar a sujeira dele, sempre reforçando por qual razão essa atividade deve ser feita diariamente, ou então ensine a regar as plantas da casa e mostre o motivo de elas precisarem de água regularmente.
Na hora da refeição, peça ajuda para montar a mesa e entregue as louças para que a criança se envolva no momento e foque no alimento que está por vir, uma ótima forma de exercitar a criatividade.
Em relação aos pertences pessoais, explique a necessidade de arrumar o quarto todos os dias para que os brinquedos sejam encontrados com maior facilidade, por exemplo.
Do mesmo jeito, peça para que separem o lixo para que o ambiente permaneça sempre limpo, pois o hábito da higiene deve ser reforçado para além do banho e da escovação dos dentes.
Assim, a criança passa a sentir que essas atividades dependem dela e que, caso não sejam feitas, algo pode acontecer, desde a planta que não floresceu até a cozinha com um cheiro nada agradável que incomoda a todos.
Dos 10 aos 12 anos:
Sempre por perto, chegou o momento de inserir as crianças na cozinha e pedir a ajuda delas na preparação das receitas. Peça para que lavem os legumes e vegetais, escolham o prato do dia e até para que mexam a comida que está no fogo, sempre com muito cuidado e sob supervisão de um adulto.
Desse modo, eles se interessam por novos alimentos e passam a comer melhor ao entender como o alimento é feito, caso isso seja uma dificuldade. Após a refeição, vale ressaltar que durante a preparação diferentes louças foram utilizadas e elas devem ser limpas para o próximo uso, portanto isso passa a ser função deles.
Nessa fase, as crianças desenvolvem um grande sentimento de valorização quando percebem que podem ajudar os pais com atividades que fogem da alçada deles, como cuidar dos irmãos.
Por isso, de vez em quando, é justo pedir para que o mais velho ensine ao mais novo como guardar os brinquedos ou para que o leve até o banho. Assim, um se sente reconhecido, enquanto o outro se espelha em boas atitudes.
Para finalizar, é importante que a família tenha em mente que as atividades devem ser tratadas como algo comum e realizadas naturalmente. Somente assim as crianças passam a fazer o que é solicitado sem enxergar a situação como um peso.
Além disso, dar o exemplo é a melhor forma de conseguir que algo seja feito sem cobrança ou chateação, pois os pequenos se espelham muito mais em atitudes do que em palavras. Por isso, antes de exigir algo, mostre como fazer e peça por ajuda, até que aquela função passe a ser somente da criança.