Adolescentes devem ir ao ginecologista; saiba por que
A adolescência é uma fase de evolução física e psicológica cercada de dúvidas. Entre as meninas adolescentes, alguns tabus a serem vencidos são a sexualidade, o ciclo menstrual e a primeira ida ao ginecologista, que pode ser fundamental para responder as dúvidas e acompanhar precocemente doenças do sistema reprodutor.
Mas existe idade mínima para ir ao ginecologista?
Não existe uma idade ideal para começar a frequentar o especialista. “O legal é que elas tenham liberdade para conversar isso com alguém, seja com a mãe, pai ou pediatra. É quando elas se sentirem preparadas ou se sentirem confortáveis para ir a uma consulta ginecológica”, explica.
O momento mais apropriado seria em torno da primeira menstruação ou próximo a ela, para que a adolescente conheça e entenda a existência de um profissional que cuida da saúde da mulher e das questões relacionadas ao seu sistema reprodutor.
Relatos de jovens que tiveram sua consulta tardia
No entanto, muitas deixam para ir ao ginecologista próximo aos 18 anos de idade, procurando o especialista devido algum problema que surge. Foi o caso de Gabriela Nunes, hoje com 21, e que foi a sua primeira consulta ginecológica com 17 anos, devido a um problema menstrual. “Eu sempre tive vergonha… Imagina um médico me examinando! Nem eu curtia olhar no espelho, imagina os outros. Resolvi ir porque tive um problema de atraso menstrual e não via motivos, porque era virgem, então não fazia sentido ela atrasar”, comenta a jovem.
Outro motivo que levou Gabriela a ida tardia foi a falta de comunicação com seus pais sobre o assunto. “Em casa também nunca me disseram ser essencial ir, não era falado sobre”, conta. Entre os tabus da idade, a primeira ida ao ginecologista não é sinal de que já se iniciou a vida sexual.
Já a estudante Soffia Horta, de 19 anos, começou a frequentar o ginecologista aos 12 anos. “Foi tranquilo para mim e minha mãe sempre achou importante ir ao médico, porém eu escolhi uma ginecologista mulher para ter mais segurança”, conta. No início, a estudante se sentia deslocada. “Eu ficava sem graça de falar, mas logo percebi que todas deveriam ir, mesmo sem ter tido uma relação sexual”, afirma.
Vínculo e informação
A grande qualidade de ir ao médico desde cedo é o vínculo que a adolescente cria com o profissional, fortalecendo a confiança, dando a abertura para que ela se sinta à vontade para se expressar. “Essa criação do vínculo desde cedo é importante para a saúde física e mental da mulher, pois ela vai ter apoio, um suporte fundamental com acompanhamento técnico. Vai ajudá-la a realmente a passar por essa fase de transição da criança para a vida adulta de uma maneira muito tranquila, saudável, respeitosa, que ela fique mais feliz”, explica a ginecologista.
Os especialistas explicam que a escola deve abordar questões de sexualidade e de gêneros, de forma a promover conhecimentos específicos que vão ser enfrentados nessa fase. Ela também relata a necessidade de haver uma interlocução entre o centro de saúde e a escola, através do Programa Saúde na Escola.
A internet e as mídias sociais podem ser grandes aliadas também, seja para as adolescentes ou aos ginecologistas, ao proporcionar acesso fácil à informação. “Isso ajuda a adquirir mais liberdade e fundamento para conversar com os pais e com toda a família”. Ainda assim, Soffia e Gabriela concordam que ir ao ginecologista é importante para obter conhecimento do corpo feminino “da maneira certa”. “É importante cuidar da saúde, independente de ter relação sexual ou não, pois lá você vai entender o funcionamento dos ciclos, dos seus órgãos, coisas que na escola e em casa não serão ensinadas a fundo”.
Qual a importância da ginecologia?
A ginecologia é essencial para prevenir e diagnosticar doenças comuns entre a população feminina, tais como: cistos no ovário, vaginose, candidíase, doença inflamatória pélvica, câncer de mama, mioma uterino, endometriose e ISTs no geral.
Além disso, as consultas também servem para pedir orientações sobre higiene ginecológica, métodos contraceptivos, realizar exames de rotina/check-ups/prevenção, fazer acompanhamento pré-natal, tratar irregularidades do ciclo menstrual, tratamentos no geral e tirar dúvidas.
Desta forma, muito além de diagnosticar ou prevenir doenças, na ginecologia, a mulher também pode encontrar métodos para melhorar sua vida sexual e aprender a conhecer mais de si mesma, bem como reconhecer os sinais do seu próprio corpo.
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