Qual a presença da mulher nos “trabalhos de homem”?

Lugar de mulher é onde ela quiser! Veja a ascensão do público feminino em profissões masculinas 

“Vai cozinhar feijão dona Maria!”, “Quero ver trocar pneu”, “Vai pilotar fogão!”. Frases comuns ouvidas, na maioria das vezes, de bocas masculinas, ao longo dos tempos. Porém, se um dia deram a conotação de ‘pré-conceito’, hoje são estimulantes para as mulheres.     

Ninguém quer ocupar o lugar do outro, nem se exige que a presença feminina seja em peso, por todos os lugares.

Mas, quando o assunto é escolha profissional, a conquista das mulheres está sim, em ascensão, em formações e carreiras, que antes eram mais “comuns” aos homens.

A equidade de gênero está crescendo ao passar do tempo. E, o melhor está sendo iniciada na juventude. Uma pesquisa realizada em 2018, pela Ong Plan International, com meninas entre 6 e 14 anos no Brasil, revelou que, 40% delas não concordam com a ideia de que sejam tão inteligentes quanto os meninos.

É um dado importante, pois, ainda na imaturidade que a infância traz, podemos ver certo posicionamento dando sinais. Talvez esse pensamento seja comum, nessa idade, por se ouvir muito sobre beleza, doçura, singeleza, condizentes com o universo feminino.

E isso, se distancia da ideia de que a menina pode ser tão mais inteligente para avançar por outros campos, sem tirar sua feminilidade.

E, acredita-se que, de acordo com essa pesquisa, é nessa fase que se constrói a ideia de que as profissões consideradas masculinas são associadas à força ou a habilidades matemáticas, e as femininas, vinculadas ao trabalho reprodutivo, a maternidade, dentre outras.

Mas é aí que se desperta. Trazendo para o momento atual, essas meninas estão presenciando a atuação, cada vez mais frequente, de mulheres em outras funções.

O que projeta mais ainda uma mudança nesse cenário tão promissor. A escolha da profissão caminha juntamente com a barreira do estereótipo de gênero. 

A qualificação profissional feminina cresce em nichos de mercado masculinos

O fato de aceitar, passivamente certos atributos impostos pela sociedade, não mais faz parte da maioria das mulheres. Aquela figura feminina de casa, que cuida dos afazeres domésticos (profissão não remunerada) está dando lugar a mulher que sai e chega do trabalho e, junto com o marido (sem desmerecer tal função).  

E, por muitas vezes, ainda ocupa a posição de organizadora do lar, após o expediente, cuidando de filhos, a chamada dupla jornada. Os papéis estão sendo invertidos.

Os homens e chefes de família estão participando mais dessa parte que antigamente. E, de tempos em tempos, vemos o pai ficar em casa, por exemplo, em regime home office e, a mãe sair para o trabalho fora.  

Profissões que fazem parte também das habilidades femininas

Cursos de beleza, de artesanato, das áreas relacionadas a educação ainda são procurados por mulheres, mas aqui vamos trazer outras ocupações que estão sendo bem desempenhadas por mulheres e, como tal fato contribui positivamente para o avanço feminino em nichos masculinos. 

Mecânica

Muito embora as oficinas mecânicas ainda sejam um reduto masculino, muitas mulheres se interessam pela área automotiva driblando o pré-conceito, inclusive feminino por essa profissão. E a oferta de cursos aumenta concomitantemente a presença das mulheres.

Prova disso é que 58% dos brasileiros que se interessam por mecânica de veículos são mulheres. No início de 2019, segundo uma pesquisa desenvolvida pela General Motors (GM) do Brasil, o gênero feminino já representava 62% do atendimento em oficinas mecânicas.

Cursos como Mecânica Básica de Veículos Leves, Eletricidade automotiva, Injeção Eletrônica e Motores para caminhonetes, dentre outros, por exemplo, são oferecidos pelo Senai.

E, driblando o isolamento, o descrédito, as piadas e o assédio, as mulheres têm se mostrado firmes e fortes para atingirem o objetivo de finalização dos cursos e capacitação profissional.

A Porto Seguro é uma empresa que oferece um curso de Mecânica para Mulheres. Segundo eles, se trata de uma oportunidade para entender sobre manutenção preventiva e possíveis problemas decorrentes do tempo de uso do veículo e assim, garantir ainda mais segurança e independência.

Além disso, a empresa confere até um Espaço Kids, com monitores e atividades para crianças de 3 a 11 anos, para tranquilidade das mães estudantes.

Engenharia

De acordo com dados do Censo da Educação Superior em 2019, mostraram que, o sexo feminino é maioria em, pelo menos, seis cursos da área, considerando o percentual de ingresso.

No topo dessa lista está a Engenharia de Alimentos, com 62,9% de mulheres ingressantes no curso, seguido por Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia (59,4%) e Engenharia Têxtil (53,6%).

Também constam na relação Engenharia Química (50,8%), Engenharia de Recursos Hídricos e do Meio Ambiente (50,4%) e Engenharia Ambiental e Sanitária (50,2%). 

Aviação

Mesmo o espanto e o descrédito fazerem parte dessa ocupação feminina, muitas pilotas de avião não se intimidam. São por volta de 15 mil mulheres profissionais da área, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de 2018.

Os cursos de pilotagem alcançam 18%, em 2019. Existe um curso de Aviação Civil oferecido pelo Centro Acadêmico Aviação Civil, em São Paulo. 

O machismo ainda é obstáculo a ser transpassado

A qualificação profissional abre portas de mercados, antes frequentados somente por homens Mas, a luta pelo reconhecimento e direitos para as mulheres nesses espaços é constante.

Muitas acabam tendo que abandonar suas carreiras por conta do ambiente não ser pensado em sua inclusão. O importante é que a conquista é aparente e, os resultados têm se predominado positivos, tamanha a persistência feminina em demonstrar que tem capacidade e que pode sim, caminhar e agregar à figura masculina em qualquer área de atuação profissional.

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